A 40ª edição do Festival Nacional de
Teatro Amador estreia nessa terça feira, dia 05 de novembro. Convenhamos: se a
vida começa aos quarenta, o FENATA renasce a cada fim de ano quando movimenta a
cidade. É preciso admitir: ninguém chega aos quarenta com essa vitalidade sem
algum motivo e respeito.
E quem disse que o cidadão dessa moça “princesinha”
não gosta de teatro? O FENATA é um exemplo de que tendo a oportunidade de
acesso, a população não só vai, como se relaciona intensamente com o Festival.
É tarefa difícil achar um lugarzinho no Teatro Ópera nas sessões principais. O
público é diverso: estudantes, famílias, casais, jovens, gente doida, gente que
não gosta de gente doida, gente que nem sabe que é gente, gente que não queria
ser gente... O FENATA é um evento cultural que dá certo, porque consegue
contemplar identidades múltiplas. Além de tudo, uma peça teatral é na maioria
das vezes, um tesão, porque aflora sensações e subjetividades que o cinema e a
televisão não conseguem tatear. E não me venham os “sabidos de arte” falar
sobre as técnicas, métodos e teorias dos espetáculos... O fato é que uma
apresentação de teatro é por si uma descoberta.
Outro fator que garante a vivacidade do
FENATA são seus preços populares. Ou melhor, eram os seus preços populares. Em
2011 as entradas para as sessões das 20:00 e das 22:00, custavam R$ 6,00, e
para quem tem acesso a meia-entrada, apenas R$ 3,00. Em 2012 o preço dos
bilhetes subiram consideravelmente, agora as entradas custam R$ 10,00 e com
pacotes “promocionais” pra lá de duvidosos. A situação foi abordada no portal
Crítica de Ponta, pelo estudante Matheus Lara. Onde o mesmo alerta que o “pacote
promocional” não contempla quem tem direito a pagar meia-entrada. Leia aqui a matéria.
O aumento do preço dos ingressos
evidencia algumas concepções de se pensar a cultura e o principalmente o acesso
à cultura: o aumento de 66% no preço dos ingressos para o FENATA remam contra a
ideia de um festival de teatro popular, acessível e desfrutado intensamente
pela população. A equação é simples, quanto mais acessível o ingresso, maior a
oportunidade de acompanhar o diversos espetáculos. É justamente esse o ponto: o
FENATA não pode ser visto como um evento artístico tal como a München Fest se
tornou, ou seja, um evento que antes de tudo não pode dar prejuízo e que homogeneíza
seu público. O aumento significativo dos preços do FENATA coloca em risco o
caráter popular do festival e dificulta o acesso à cultura da maneira mais fria
possível: através do dinheiro.
Ponta Grossa tem uma grande demanda
cultural, produtores de arte e também público. Mas nossas políticas públicas no
setor parecem estar na contramão de qualquer concepção de “cultura” pensada de
maneira ampla, plural, democrática e principalmente necessária.
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